domingo, 8 de janeiro de 2012

O CÂNTICO DA TERRA






Eu Sou a Terra, Eu Sou a Vida.
Do Meu Barro Primeiro Veio o Homem.
De Mim Veio a Mulher e Veio o Amor.
Veio a Árvore, Veio a Fonte.
Vem o Fruto e Vem a Flor.

Eu Sou a Fonte Original de Toda Vida.
Sou o Chão que se Prende à Tua Casa.
Sou a Telha da Coberta de Teu Lar.
A Mina Constante de Teu Poço.
Sou a Espiga Generosa de Teu Gado
E Certeza Tranqüila ao Teu Esforço.
Sou a Razão de Tua Vida.
De Mim Vieste pela Mão do Criador,
E a Mim Tu Voltarás no Fim da Lida.
Só em Mim Acharás Descanso e Paz.

Eu Sou a Grande Mãe Universal.
Tua Filha, Tua Noiva e Desposada.
A Mulher e o Ventre que Fecundas.
Sou a Gleba, a Gestação, Eu Sou o Amor.

A Ti, ó Lavrador, Tudo Quanto é Meu.
Teu Arado, Tua Foice, Teu Machado.
O Berço Pequenino de Teu Filho.
O Algodão de Tua Veste
E o Pão de Tua Casa.

E Um Dia Bem Distante
A Mim Tu Voltarás.
E no Canteiro Materno de Meu Seio
Tranqüilo Dormirás.

Plantemos a Roça.
Lavremos a Gleba.
Cuidemos do Ninho,
Do Fado e da Tulha.
Fartura Teremos
E Donos de Sítio
Felizes Seremos.





(Cora Coralina).

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