domingo, 21 de dezembro de 2014

QUE NÃO NOS FALTE FÉ E AMOR





Que não nos faltem bons sentimentos. 
Que nos falte egoísmo. 
Que nos sobre paciência. 
Que sejamos capazes de enxergar algo de bom em cada momento ruim que nos acontecer. 
Que não nos falte esperança. 
Que novos amigos cheguem. 
Que antigos sejam reencontrados.
Que cada caminho escolhido nos reserve boas surpresas. 
Que a cada sorriso que uma criança der nos faça ter um bom dia e enxergar uma nova esperança. 
Que cada um de nós saiba ouvir cada conselho dado por uma pessoa mais velha. 
Que não nos falte vontade de sorrir. 
Que sejamos leves. 
Que sejamos livres de preconceitos. 
Que nenhum de nós se esqueça da força que possui. 
Que não nos falte fé e amor.



BRILHE A TUA LUZ







A movimentação contínua da massa humana causa-te preocupação, se consideras a problemática espiritual, que a todos diz respeito.

Grande parte se te apresenta carrancuda, sob o extenuar das dores para as quais não se preparou, convenientemente, derrapando em violências contra os outros e contra si mesma.

Outra expressiva quantidade de criaturas transita distraída, sem dar-se conta das responsabilidades que lhe dizem respeito.

A desinformação em torno dos valores do Espírito - aqueles que são de duração imperecível -, é alarmante, somando aos conceitos errôneos que muitos esposam, em chocante desconsideração quanto às realidades da Vida.

Tendo em vista tais situações, reflete em torno dos movimentos religiosos que conduzem as massas, esvaziadas de sentimento legítimo de fé, sem claridades interiores, ficando aturdido.

Sem dúvida, toda emulação edificante, intentando incorporar Jesus ao dia-a-dia dos homens, é de alta significação. No entanto, a claridade da fé deve estar sustentada pelo combustível dos feitos, sob pena de apagar-se de um para outro momento.

Para lograr-se tal desiderato é imprescindível que haja um suporte da razão que se apóia nos fatos, de que se não pode evadir a mente, quando ocorrências desagradáveis ameaçam o equilíbrio.

Desacostumados ao raciocínio em matéria de fé, os homens submetem-se aos códigos do amor agora, para abandoná-los mais tarde, crendo, por conveniências passageiras, antes por acomodação de interesses, do que pela necessidade de crescimento e renovação.

São respeitáveis as movimentações exteriores do clima religioso da Terra. Todavia, é de vital importância a transformação moral do homem ante a presença da fé, na mente e no coração.

Quem diz crer e não produz para o bem do seu próximo, é insensato.

Se se utiliza da vida e não reparte bênçãos, torna-se dilapidador da oportunidade.

Se se enclausura na vaidade da salvação individual, faz-se parasita inconseqüente.

Se impõe a sua forma de ser, estribado em presunçosas convicções, transforma-se em prepotente.

Somente quando nele brilha a luz do Cristo, exteriorizando em atos o odor da caridade e do amor, é que se encontra em condições de provar que o caminho da felicidade leva ao próximo, numa viagem para fora, após haver-se penetrado pela busca interior, mediante a introspecção e a prece que ora o sustentam nos cometimentos libertadores.

Não te detenhas, ante os impedimentos massivos na tarefa de auxílio espiritual.

Junta a tua a outras candeias que estejam ardendo na noite das aflições, derramando para luminosidade.

Vai ao teu próximo e clarifica-o com a mensagem do Cristo, chamando-o à ação e à responsabilidade.

Não obstante o Evangelho houvesse sido pregado para a aturdida multidão, o Mestre não se poupou esforços no ministério de atender e iluminar uma a uma as criaturas que dEle se acercavam.

Tem confiança irrestrita na Sua governança e faze a tua parte sem precipitação nem pessimismo, não temendo a mole humana, nem tombando na marginalização por indiferença ou timidez.

Espiritualiza-te, e deixa que a tua luz brilhe confortadora, apontando os rumos da paz para os que seguem contigo.






Joanna de Ângelis e Divaldo P. Franco

ALMAS SINCERAS





De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,

Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;

É astro que norteia a vela errante,

Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;

Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,

Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.





William Shakespeare

domingo, 7 de dezembro de 2014

O MAR





O mar quando quebra na praia

É bonito, é bonito


O mar... pescador quando sai

Nunca sabe se volta, nem sabe se fica

Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos

Nas ondas do mar


O mar quando quebra na praia

É bonito, é bonito


Pedro vivia da pesca

Saia no barco

Seis horas da tarde

Só vinha na hora do sol raiá


Todos gostavam de Pedro

E mais do que todas

Rosinha de Chica

A mais bonitinha

E mais bem feitinha

De todas as mocinha lá do arraiá


Pedro saiu no seu barco

Seis horas da tarde

Passou toda a noite

Não veio na hora do sol raiá

Deram com o corpo de Pedro

Jogado na praia

Roído de peixe

Sem barco sem nada

Num canto bem longe lá do arraiá


Pobre Rosinha de Chica

Que era bonita

Agora parece

Que endoideceu

Vive na beira da praia

Olhando pras ondas

Andando rondando

Dizendo baixinho

Morreu, morreu, morreu, oh...


O mar quando quebra na praia






Dorival Caymmi.

O HÓSPEDE



Onde vais, estrangeiro! 
Por que deixas O solitário albergue do deserto? 
O que buscas além dos horizontes?
Por que transpor o píncaro dos montes, 
Quando podes achar o amor tão perto?... 
"Pálido moço! 
Um dia tu chegaste?
De outros climas, de terras bem distantes... 
Era noite!...
A tormenta além rugia... 
Nos abetos da serra a ventania T
Tinha gemidos longos, delirantes. 
"Uma buzina restrugiu no vale 
Junto aos barrancos onde geme o rio... 
De teu cavalo o galopar soava, 
E teu cão ululando replicava
Aos surdos roncos do trovão bravio.
"Entraste!
A loura chama do brasido
Lambia um velho cedro crepitante,
Eras tão triste ao lume da fogueira...
Que eu derramei a lágrima primeira
Quando enxuguei teu manto gotejante!
"Onde vais, estrangeiro?
Por que deixas Esta infeliz, misérrima cabana?
Inda as aves te afagam do arvoredo...
Se quiseres... as flores do silvedo
Verás inda nas tranças da serrana.
"Queres voltar a este país maldito
Onde a alegria e o riso te deixaram?
Eu não sei tua história... mas que importa?... ...
Bóia em teus olhos a esperança morta
Que as mulheres de lá te apunhalaram.
"Não partas, não!
Aqui todos te querem!
Minhas aves amigas te conhecem.
Quando à tardinha volves da colina
Sem receio da longa carabina
De lajedo em lajedo as corças descem!
"Teu cavalo nitrindo na savana
Lambe as úmidas gramas em meus dedos,
Quando a fanfarra tocas na montanha,
A matilha dos ecos te acompanha
Ladrando pela ponta dos penedos.
"Onde vais, belo moço?
Se partires
Quem será teu amigo, irmão e pajem?
E quando a negra insônia te devora,
Quem, na guitarra que suspira e chora,
Há de cantar-te seu amor selvagem?
"A choça do desterro é nua e fria!
O caminho do exílio é só de abrolhos!
Que família melhor que meus desvelos?...
Que tenda mais sutil que meus cabelos
Estrelados no pranto de teus olhos? ...
"Estranho moço!
Eu vejo em tua fronte
Esta amargura atroz que não tem cura. acaso fulge ao sol de outros países,
Por entre as balças de cheirosos lises,
A esposa que tua alma assim procura?
"Talvez tenhas além servos e amantes,
Um palácio em lugar de uma choupana,
E aqui só tens uma guitarra e um beijo,
E o fogo ardente de ideal desejo Nos seios virgens da infeliz serranal. . .
" ————— No entanto Ele partiu!...
Seu vulto ao longe Escondeu-se onde a vista não alcança... ...
Mas não penseis que o triste forasteiro
Foi procurar nos lares do estrangeiro
O fantasma sequer de uma esperança!...





Castro Alves.

CAMINHEIRO




Caminheiro das estradas do mundo,
Não turves a água da fonte
Onde teus irmãos vão beber...

Não arranques das árvores
Os frutos que sobram de tua fome...

Não poluas o ar
De que teus pulmões não precisam...

Não pises as flores
Que teus olhos não podem ver...

Não roubes o amor dos que amam,
Nem o sono dos que dormem,
Nem queiras para ti,
Caminheiro das estradas do mundo,
O pão dos teus irmãos,
O suor dos teus irmãos,
A alegria dos teus irmãos...





Renato Castelo Branco