terça-feira, 12 de junho de 2012

TERNURA






Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
Seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
Dos teus passos eternamente fugindo.
Trago a doçura
Dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
Que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
Nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
Dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
Um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieto (a),
Muito quieto (a)
E deixes que as mãos cálidas da noite
Encontrem sem fatalidade
O olhar estático da aurora.





(Vinícius de Moraes).

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