domingo, 26 de fevereiro de 2012

ETERNO






As Coisas que Amamos
As Pessoas que Amamos
São Eternas Até Certo Ponto.

Duram o Infinito Variável
No Limite de Nosso Poder
De Respirar a Eternidade.

Pensá-las é Pensar que Não Acabam Nunca,
Dar-lhes Moldura de Granito.

De Outra Maneira se Tornam Absoluta
Numa Outra Maior Realidade.

Começam a Esmaecer Quando nos Cansamos,
E Todos nos Cansamos, por Um Outro Itinerário,
De Aspirar a Resina do Eterno.

Já Não Pretendemos que Sejam Imperecíveis.

Restituímos Cada Ser e Coisa à Condição Precária,
Rebaixamos o Amor ao Estado de Utilidade.

Do Sonho Eterno Fica Esse Gozo Acre
Na Boca ou na Mente, Sei Lá, Talvez no Ar.





(Carlos Drummond de Andrade).

Um comentário: