quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O INFINITO VARIÁVEL








As coisas que amamos
As pessoas que amamos
São eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
No limite de nosso poder
De respirar a eternidade
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
Dar-lhes moldura de granito.
De outra maneira se tornam absoluta
Numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
E todos nos cansamos, por um outro itinerário,
De aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária
Rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho eterno fica esse gozo acre
Na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.





(Carlos Drummond de Andrade).

Um comentário:

  1. BOM DIA INTEIRO DE QUINTA-FEIRA E BOA VIDA PLENA COM: O INFINITO VARIÁVEL!!!

    ResponderExcluir