sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PRESENÇA






É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
Teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
Das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
Sutilmente, no ar, a trevo machucado,
As folhas de alecrim desde há muito guardadas
Não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
E respirar-te, azul e luminoso (a), no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
Como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
Que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.





(Mario Quintana).

Um comentário: