segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O TEU RISO






Tira-me o pão, se quiseres,
Tira-me o ar, mas não
Me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
A lança que desfolhas,
A água que de súbito
Brota da tua alegria,
A repentina onda
De prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
Com os olhos cansados
Às vezes por ver
Que a terra não muda,
Mas ao entrar teu riso
Sobe ao céu a procurar-me
E abre-me todas
As portas da Vida.

Meu amor, nos momentos
Mais escuros solta
O teu riso e se de súbito
Vires que o meu sangue mancha
As pedras da rua,
Ri, porque o teu riso
Será para as minhas mãos
Como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
Teu riso deve erguer
Sua cascata de espuma,
E na primavera , amor,
Quero teu riso como
A flor que esperava,
A flor azul, a rosa
Da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
Do dia, da lua,
Ri-te das ruas
Tortas da ilha,
Ri-te deste )a) grosseiro (a)
Rapaz ou moça que te ama,
Mas quando abro
Os olhos e os fecho,
Quando meus passos vão,
Quando voltam meus passos,
Nega-me o pão, o ar,
A luz, a primavera,
Mas nunca o teu riso,
Porque então morreria.





(Pablo Neruda).

Um comentário:

  1. BOA SEMANA INTEIRA E BOA SEGUNDA-FEIRA TENDO MUITA SORTE COM: O TEU RISO!!!

    ResponderExcluir