terça-feira, 29 de maio de 2012

EU E MINHA LIBERDADE






Estremeço de prazer por entre a novidade de usar palavras que formam intenso matagal. 
Luto por conquistar mais profundamente a minha liberdade de sensações e pensamentos, sem nenhum sentido utilitário: 
Sou sozinha (o), eu e minha liberdade.
É tamanha a liberdade que pode escandalizar um primitivo, mas sei que não te escandalizas com a plenitude que consigo e que é sem fronteiras perceptíveis.
Esta minha capacidade de viver o que é redondo e amplo.
Cerco-me por plantas carnívoras e animais legendários, tudo banhado pela tosca e esquerda luz de um sexo mítico.
Vou adiante de modo intuitivo e sem procurar uma ideia: 
Sou orgânica (o). 
E não me indago sobre os meus motivos. 
Mergulho na quase dor de uma intensa alegria – e para me enfeitar nascem entre os meus cabelos folhas e ramagens.





(Clarice Lispector).

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